Por Rejane Costa Barros (foto)
O belo e a beleza têm sido objeto de estudo ao longo de toda a história da filosofia. A estética enquanto disciplina filosófica surgiu na Antiga Grécia, como uma reflexão sobre as manifestações do belo natural e o belo artístico.
O aparecimento desta reflexão sistemática é inseparável da vida cultural das cidades gregas, onde era atribuída uma enorme importância aos espaços públicos. Ao livre debate de idéias e aos poetas, arquitetos, dramaturgos, e escultores era conferido um grande reconhecimento social. Platão foi o primeiro a formular explicitamente a pergunta sobre a referência do belo e a dar sua resposta em um tom de coerência e poética. O que é o belo? O belo é identificado com o bem, com a verdade e a perfeição.
A beleza, sabemos, existe em si, separada do mundo sensível. Uma coisa é mais ou menos bela conforme a sua participação na idéia extrema de beleza. Santo Agostinho concebeu a beleza como todo harmonioso, isto é, com unidade, número, igualdade, proporção e ordem. A partir da beleza das coisas podemos chegar à beleza Suprema.
Ao longo do século XIX a arte atravessa profundas mudanças. O academismo é posto em causa; artistas como Coubert, Monet, Manet, Cézanne ou Van Gogh abrem uma ruptura com as suas normas e convenções, preparando desta maneira o terreno para a emergência da arte moderna.
Surgem então múltiplas correntes estéticas e entre as mais atuantes estão a romântica e a realista. No domínio teórico aparecem inúmeras teorias que defendem novos critérios para apreciação da arte.
A língua portuguesa nasceu cantando trovas, isso há mais de mil anos, na voz dos jograis e menestréis, que iam de cidade em cidade espalhando os seus versos. Cultivava-se a trova inicialmente no sul da França, de lá espalhando por toda a Europa, até encontrar na Espanha e, finalmente em Portugal, o seu mais fértil canteiro. Nas Cortes portuguesas a trova começava a alcançar grande esplendor. Era a poesia dos reis, como o célebre Dom Dinis.
Ao Brasil a trova chegou nas caravelas de Cabral. Facilmente, aclimatou-se, caiu no gosto do povo e até hoje perdura, ganhando a cada dia, novos adeptos.
Essa arte que encanta, e deixa um cheiro de magia espalhado por onde passa, vicia de maneira prazerosa e constante. Quem dessa água bebe, quer estar sempre sedento para mais dela beber. A TROVA é, hoje, o único gênero literário exclusivo da língua portuguesa! Muita gente confunde o trovador clássico com cantadores de viola ou poetas repentistas.
Ao falar tanto em beleza unimos nossa voz a outras e celebramos a nossa UBT. Em 11 de novembro de 1969 Santiago Vasques Filho e mais vinte e dois poetas, reuniram-se na Casa de Juvenal Galeno e oficialmente criam a UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES secção de Fortaleza-CE.
No ano de 1959, o dentista carioca Gilson de Castro cujo pseudônimo adotado é Luiz Otávio e J.G. de Araújo Jorge, com o apoio do jornal carioca “O Globo” lançaram os primeiros Jogos Florais de Nova Friburgo, ponto de partida para a consolidação do movimento literário mais amplo e bem organizado de que se tem notícia da literatura brasileira.
Os Jogos Florais foram muito populares na Idade Média. Era um torneio cultural promovido anualmente em Toulose, na França, inspirado em tradições originárias da Roma Antiga.
Por se realizar na primavera, esse torneio, que envolvia várias modalidades literárias, oferecia prêmios (troféus) em forma de flores, daí o nome “Jogos Florais”. Nos primeiros Jogos Florais de Nova Friburgo com festa de premiação realizada em maio de 1960 reuniram-se na bela cidade, vários intelectuais além dos vencedores do concurso.
Daí em diante, dezenas de outras cidades passaram a promover também o referido concurso.
Por ser um movimento literário que se caracteriza pela fraternidade, tal costume é aceito tranqüilamente. Ainda em 1960, depois de participar de um Congresso do GBT - Grêmio Brasileiro de Trovadores, em Salvador, Luiz Otávio implantou uma série de seções desta entidade no sul do Brasil.
Posteriormente, em reconhecimento pelo seu trabalho em favor da cultura, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, através de decreto-lei, oficializou 18 de julho, dia do nascimento de Luiz Otávio, como DIA DO TROVADOR. Luiz é também Príncipe dos Trovadores Brasileiros, Magnífico Trovador e Presidente Perpétuo da União Brasileira de Trovadores, além de responsável pelo sucesso alcançado pela trova e pelos trovadores.
A União Brasileira de Trovadores tem secções e delegacias em todo o País, congregando milhares de trovadores. A trova moderna a qual também chamamos de filosófica, define-se como um poema composto de quatro versos de sete sons (setissílabos), rimando o primeiro verso com o terceiro e o segundo verso com o quarto.
Assemelha-se ao haicai, pela síntese, porém é mais acessível ao público em geral, pela musicalidade que produz e pela simplicidade que traduz.
O trovador pernambucano Adelmar Tavares a resumiu assim:
“Oh linda trova perfeita,
Que nos dá tanto prazer...
Tão fácil depois de feita
Tão difícil de fazer!”
A trova é classificada em três grupos principais: filosóficas, líricas e humorísticas. Cada gênero tem sua particularidade e cada trova concebida tem valor e um encantamento diferentes.
Trovas Líricas: Falam dos sentimentos, amor, saudade, paixão.
Trovas Filosóficas: Contêm ensinamentos, máximas, pensamentos.
Trovas Humorísticas: Como o próprio nome diz, são trovas que se propõem a fazer rir.
O símbolo da UBT que é uma Rosa, muito simboliza a beleza em nossa entidade. Por ocasião dos Jogos Florais é escolhida a Musa dos Trovadores e o critério é escolher uma moça que tenha pendores literários, especialmente para a trova e que se faça presente aos eventos da entidade e possa representá-la em outros eventos. De 1993 até os dias atuais sou detentora do título e espero poder passá-lo para outra que possa usá-lo levando adiante esse amor pela trova e o respeito aos irmãos trovadores, apaixonados eternos que são por essa arte que encanta e seduz. É também escolhida a Rosinha da UBT, uma menina que possua inclinação literária e que possa também se encantar pela trova e seja capaz de produzir bons versos. Bárbara Mayã de Alencar, a nossa Rosinha, tem se mostrado fiel seguidora deste movimento lítero-poético e produzido com tão pouca idade, trovas que nos emocionam.
Tudo isso faz com que cada vez mais a maioria dos trovadores participem com muito entusiasmo e que ao longo do tempo continuem fertilizando esse solo com suas trovas.
Estamos no ano de 2008 e esse ano a UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES secção de Fortaleza-CE completa 39 anos e estamos hoje a reverenciá-la mais uma vez, mostrando o quanto é satisfatório fazer parte dessa família, de participar dessa união, e quando aqui estamos, falamos a mesma língua. Mesmo quem não consegue fazer trova, se irmana e se contagia, vem aqui pelo simples prazer de vir e participar dessa reunião.
Durante vinte anos tivemos um grande condutor, Fernando Câncio Araújo, que não media esforços para decantar sua grande musa e amada Trova, nos conduzindo com os fios apaixonados da emoção e com a sabedoria de encantar com seu carisma. Fernando se doou de corpo, alma e coração por todos esses anos e ainda hoje vem se dedicando a UBT devotando muito carinho e amor ao confeccionar o jornal Pau D’Arco e colocar notícias dos feitos dos trovadores e da entidade. A cada dia temos a certeza dessa generosidade que ele repassou em nome de causa tão nobre que é a divulgação plena da nossa grande dama: a Trova.
Hoje, temos outro comandante, Gutemberg Liberato de Andrade, homem de conduta séria e coração generoso, que também não mede esforços para ver a nossa UBT brilhar cada vez mais. Ele que tem ao seu lado a doçura de sua primeira dama, Argentina Austregésilo de Andrade, que nos empresta esse sorriso franco e aberto, nos mostrando suas convicções e nos passando lições de fortaleza e de amor pela vida e ao próximo. Gutemberg em suas duas gestões fez muita coisa para dinamizar a UBT, escrevendo um dos livros mais perfeitos em termos de Documentário e fonte de pesquisa de uma entidade literária. O livro DOCUMENTOS tão bem escrito por ele merece de nós, todo o reconhecimento. Também criou o Estandarte da UBT e tem dado provas que sua mente é fértil e sua dedicação é primorosa no trato com esta que tem sido sua doce segunda família.
Voltando a falar em Luiz Otávio, ressaltamos aqui que além de grande trovador, campeão de centenas de Concursos de Trovas e Jogos Florais, realizados em várias cidades do país, ele era um exímio compositor, sendo dele a autoria do Hino dos Trovadores (com o qual encerramos nossas reuniões), Hino dos Jogos Florais, das Musas dos Florais e de várias outras obras musicais. A musicalidade que o Hino dos Trovadores produz é contagiante e de fácil aprendizado. Merece que seja ouvido e aqui não como música, mas como o poema lindo que foi concebido por seu autor:
“Nós os trovadores,
Somos senhores de sonhos mil
Somos donos do universo
Através de nosso verso!
E as nossas trovas,
São bem as provas desse poder
Elas têm o dom fecundo
De agradar a todo mundo!
Também somos felizes por termos por Patrono, São Francisco. Esse religioso italiano fundador da Ordem dos Franciscanos, cuja festividade é celebrada no dia 04 de outubro do calendário eclesiástico.
Nasceu Francisco em 26 de setembro de 1182, na cidade italiana de Assis, filho do próspero comerciante Pedro Bernardone e da piedosa Pica Bourlemont. Faleceu, em odores de santidade, na tarde de 03 de outubro de 1226. Dois anos depois, 16 de julho de 1228, foi solenemente elevado às honras dos altares pelo papa Gregório IX, sendo venerado como São Francisco de Assis por todo orbe cristão.
Foi poeta e trovador durante a vida inteira. Com sublime inspiração, soube contemplar toda harmonia radiante do universo. Os motivos da mocidade deram lugar aos motivos celestiais para que se tornasse o maior “trovador de Deus” que a história dos homens conheceu.
A UBT, União Brasileira de Trovadores, adotou São Francisco de Assis como legítimo Patrono dos Trovadores. A seu exemplo, vivemos, todos, unidos numa real confraria, onde reina o vigor da caridade, que consiste na compreensão exemplar, no respeito mútuo e no incentivo constante, permitindo que a inspiração trovadoresca seja sempre realidade viva na mais dinâmica escola literária de todos os tempos.
A Oração do Trovador é o Poema que freqüentemente é atribuído a São Francisco de Assis. Parece que data do início do século passado e sua autoria não se sabe ao certo ser do Santo. Encontrou-se na Normandia em 1915, escrita sobre o contrário de um cartão sagrado de São Francisco.
Desejamos, portanto que a nossa UBT possa continuar congregando ainda muito mais adeptos simpatizantes da trova, descobrindo outros muitos trovadores e que tenha como fundamento, difundir a trova e continuar pregando a União. Mais um ano de aniversário que completará em 11 de novembro e mais um ano celebrando o Dia do Trovador em 18 de julho.
Que a Oração de São Francisco, nosso Patrono nos sirva sempre de exemplo. E para encerrar esta homenagem ao Dia do Trovador peço licença a vocês, irmãos trovadores para ler esse poema que nos serve de lema.
Senhor,
Fazei-me um instrumento de Vossa paz!
Onde houver ódio, que eu leve o amor!
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão!
Onde houver discórdia, que eu leve a união!
Onde houver dúvida, que eu leve a fé!
Onde houver erro, que eu leve a verdade!
Onde houver desespero, que eu leve a esperança!
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria!
Onde houver trevas, que eu leve a luz!
Ó Mestre!
Fazei que eu procure mais,
Consolar, que ser consolado,
Compreender, que ser compreendido,
Amar, que ser amado!
Pois é dando, que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna!
Muito obrigada!!!!!!!!!!
Rejane Costa Barros
Fortaleza, 05 de julho de 2008.